Entrevista com o Campeão Pan Americano de Artes Marciais – Felipe Silverio

Aconteceu nos últimos 15 e 16 de fevereiro o “Aberto Panamericano de Artes Marciais 2014”, realizado na cidade de Montevidéu, no Uruguai, e organizado pela OTAM – federação local com grande credibilidade e expressão na organização de eventos de Artes Marciais no Uruguai e outros países da América do Sul. A associação de Karate Taiyokan de Santo André, mantida pelo shihan Édnei Albigezi (Faixa Preta 5º dan) participou do evento enviando o atleta Felipe Silvério, 26, até o país vizinho.

Como resultado, a academia voltou ao Brasil com um Troféu de OURO e um de PRATA.

Abaixo, Felipe conta sobre a experiência de competir fora do país, as dificuldades e as impressões sobre o circuito de Artes Marciais Internacional.

Felipe, a quanto tempo você pratica Karatê, qual sua graduação e sua experiência em competições?

Pratico karatê a quase 3 anos e sou graduado na faixa verde, 3 kyu. Já participei de 3 competições nacionais pela FPKI e CBKI, sempre nas modalidades kata e kumitê.

Como ficaram sabendo da competição e qual foi o tempo e tipo de treinamento e preparação?

O shihan Édnei Albigezi foi convidado diretamente pelos organizadores do evento e tivemos 3 meses de treinamento regular à partir da inscrição. Neste ponto, a versatilidade e experiência do mestre foram importantíssimas para o meu desenvolvimento. Estudei katas que geralmente são ensinados em estágios mais avançados e no kumite (luta), confrontei o Ednei enquanto ele simulava diversos tipos de luta, como kung fu e taekwondo, artes marciais nas quais ele tem uma boa base conhecimento prévio. Todos os outros alunos da academia também se envolveram bastante, dando muitas dicas e opniões pessoais e participando ativamente dos treinos.

Quais eram as artes marciais permitidas? Quantos competidores participaram e quais foram os países presentes?

O campeonato era a aberto a muitos estilos de artes marciais, desde de Kung Fu a Muay Thay, passando por Taekwondo e Kickboxing, mais uma variedade de outras artes marciais menos populares ou conhecidas aqui no Brasil. Haviam mais de 700 competidores, divididos em diversas categorias e modalidades. Estavam presentes Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil.

Em que modalidades você competiu e quais foram os resultados?

Eu me inscrevi em luta por pontos e formas (kata). No kata competi contra outros 9 participantes e levei o Primeiro Lugar, com média 9.1, uma nota bastante elevada. No kumite haviam mais de 10 participantes, e após 3 vitórias consecutivas participei da final contra um atleta local. A luta terminou em empate e foi decidida no tempo extra pelo primeiro ponto, onde o adversário de saiu melhor e eu acabei ficando com o Vice-Campeonato.

Haviam muitos brasileiros? Quantos participantes do Taiyokan?

Apenas eu, de São Paulo, e um praticante de Taekwondo, de Minas Gerais, que conheci já no ginásio. A princípio, participaríamos com mais atletas, mas quando se fala em Competições Internacionais, existem muitos problemas relacionados a tempo, logística e dinheiro, ainda mais sem patrocínio. Mas o principal fator foi a agenda da academia, que no mesmo final de semana participou de mais duas competições, uma em Minas Gerais e outra em São Paulo, nas quais boa parte dos nossos atletas já estavam e inscritos.

Quais foram as principais dificuldades de participar de um Campeonato Internacional?

Além das diferenças culturais e sociais, como por exemplo a língua estrangeira, é preciso tomar muito cuidado para não desrespeitar seus adversários, pois todos tem formas diferentes de conduta, dentro e fora do tatame. Há também a questão da organização e execução. Por mais que tenha sido um bom campeonato e com certeza houve muito esforço dos envolvidos, não existe o mesmo aparato técnico e tecnológico das competições de federações paulistas, que normalmente contam com mais recursos financeiros. Cheguei a esperar 7 horas no ginásio antes de lutar, e precisava tomar muito cuidado com a comida, que geralmente não é a qual estamos habituados. Há também o problema recorrendo da arbitragem, que ocorre em todas as competições, mas é ainda mais complicado quando se envolvem diferentes artes e estilos. Mas de uma maneira geral, foi um ótimo evento e a recepção aos países de delegações foi exemplar.

E quais foram os pontos positivos? O que essa experiência agregou na sua formação enquanto karateca?

O fato de poder lutar contra outros estilos e atletas de diferentes nacionalidades é uma experiência única, que te ensina muito sobre as artes marciais fora do seu circulo acadêmico, e também te faz enxergar diversos pontos aos quais você deve ter mais atenção e/ou se aprofundar mais. Ganhar um Título Internacional é prestigioso, mas a participação é mais importante. Você se sente responsável por demonstrar o melhor do seu estilo e como ele é praticado no seu país. Aliás, falando em país, cantar o Hino Nacional para outras 700 pessoas que nem falam sua língua é uma experiência muito gratificante, assim como ouvir os hinos dos outros países. Fora isso, conhecemos a cidade e cultura local, que no caso de Montevidéu, é espetacular. Todos são muito solícitos e a região é muito bonita.

Algo mais que gostaria de comentar?

Gostaria de agradecer novamente o Shihan Ednei Albigezi, por incentivar minha participação e ensinar de maneira excelente o karatê. Lá eu pude perceber o quanto nosso karatê é forte e como as condutas praticadas no tatame (e fora) são valiosas para as nossas vidas. Nossa Associação conta com alunos muito dedicados, e todos me ajudaram muito, e qualquer vitória é sempre compartilhada em mérito por todos. Gostaria de agradecer também minha esposa, que também é praticante, e me acompanhou todos os momentos, fazendo o papel de apoio, logística, registro e até técnica. A presença dela foi determinante nos resultados.

Qual a mensagem que voce gostaria de deixar para outros praticantes que estão querendo participar de competições de Karate e Artes Marciais?

O mais importante é praticar em uma academia regulamentada e preferencialmente inscrita em uma federação de renome. Existem muitos mestres e organizações enganosas, que além de causar prejuízos, podem expor o estudante a riscos desnecessários. Aliás, ao contrário do pensamento popular, artes marciais e principalmente o Karatê oferecem o igual ou menor risco físico do que outros esportes mais populares e comumente praticados. Portanto, não tenha medo! Certifique-se de estar em uma instituição séria e você estará seguro.

O circuito de campeonatos apenas começou este ano, e a academia esta a aberta a quem pretende se aventurar nas artes marciais e no karatê. Com certeza, todos lá estarão prontos para ajudar e evoluir juntos.

Por último, nunca utilize os resultados de uma competição como parâmetro para avaliação dentro da arte marcial escolhida. Geralmente, competições são apenas uma pequena parte de tudo que deve ser estudado dentro do Dojô (local de treinamento de Artes Marciais), e uma avaliação equivocada pode te desmotivar ou gerar uma falsa auto-confiança. Extraia apenas as boas experiências. OSS!

 

Estas foram as palavras de nosso atleta brasileiro que apesar de não ter nenhum tipo de patrocínio, foi até Montivideos, no Uruguai, representou o Brasil e conquistou o Campeonato Pan Americano de Artes Marciais!

Um Título Internacional para o atleta Felipe Silvério, para o Karate Taiyokan e para o Brasil!!

 

Shihan Édnei Albigezi

 

2 comentários em “Entrevista com o Campeão Pan Americano de Artes Marciais – Felipe Silverio”

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